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  • Foto do escritorEdu Brisa

Seguindo os Caminhos do Coração!


O Homem-Mega-Fone texto teatral de autoria de Edu Brisa, concebido no Seminário de Dramaturgia do Arena, sob a tutela do Mestre Chico de Assis no ano 2009, ganha agora em 2019 sua primeira Montagem.

Contemplado no EDITAL PROAC Nº 01/2018 – PRODUÇÃO DE ESPETÁCULO INÉDITO E TEMPORADA DE TEATRO;

Estreia em Maio de 2019 na SEDE CTI - Rua Oti, 212 - Vila Ré - ZL de São Paulo.


Este blog é um canal para que possamos compartilhar nossa investigação na criação de O HOMEM-MEGA-FONE. É o nosso caderno de trabalho.




Por Cris Camilo


Diário de Bordo “O Homem-Mega-Fone”

CTI – Cia Teatro da Investigação – Semana 3

(21-22-23 Fevereiro/2019)

E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas”

(Caminhos do Coração – Luiz Gonzaga)


Parafraseando Luiz Gonzaga no trecho da música “Caminhos do Coração”, nós somos um acumulado de trocas, de marcas, de influências. O que somos ou nos tornamos diz respeito diretamente a tantas outras pessoas que cruzaram nosso caminho e dividiram conosco, instintivamente, suas lutas.

Seguimos a semana dividindo o processo de criação do “O Homem-Mega-Fone” com um novo pássaro no nosso ninho. Recebemos de braços e corações abertos o parceiro Marcos Di Ferreira, da cia dos Inventivos, que veio somar, dividir e multiplicar conosco. Veio trazer sua marca e receber a nossa. Veio nos mostrar uma concepção diferente, um olhar de fora. Ter um novo parceiro de trabalho trouxe um misto de entusiasmo e motivação para os novos desafios. Proporcionou sair do mesmo e se aventurar por um caminho diferente.

Começamos o trabalho semanal com a leitura e discussão do texto. É interessante perceber que, fechados na nossa bolha, deixamos, muitas vezes, de perceber detalhes importantes e significativos. O Marquinhos trouxe esse olhar além e nos fez repensar e ressignificar algumas coisas.

Este texto é um drama? Talvez até seja, dependo da leitura que se faça. Mas aqui, na nossa leitura, não! Marquinhos levantou essa bandeira e acho que até aí concordamos que nunca foi para nós um drama, mas também propiciou descortinar uma nova possibilidade. Traçado um paralelo com os gêneros épico e a farsa, buscando também fazer um link com o texto “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertolt Brecht, nos possibilitou entender que além de não existir um drama, também existe aí um ritmo de cena que não permite a estes personagens tempo para um raciocínio, para manifestação de suas dores ou remorsos. Seguindo essa linha de pensamento, ensaiamos algumas possibilidades de construção de cena e também de cenário para o “O desafio do falador”.

Parada estratégica para apresentação do espetáculo “A Feira de Chico, Gonzaga e Jackson” na Casa de Cultura Municipal São Rafael, porque respirar e trocar com o público ajuda a pensar possibilidades e enche nosso coração de inspiração e amor.

Retomados os trabalhos no sábado, tivemos a oportunidade de fechar um dia exclusivo para discussões produtivas sobre cenário, iluminação, indicação e pesquisa de referências cinematográficas e literárias, colocação individual dentro do trabalho, e o principal, o que queremos comunicar com esse espetáculo.

Algumas das referências levantadas foram o texto “Mãe coragem e seus filhos” de Bertolt Brecht, que conta a história da “mãe coragem” que alimenta a guerra, mas que não quer seus filhos soldados e “Feios, sujos e malvados”, filme italiano de 1976 com direção de Ettore Scola, que relata toda uma degradação humana dos personagens. Em ambos os casos percebe-se o intuito de provocar o espectador no sentido de um desejo de mudança. Coloca o público em uma situação de indignação e propenso a crítica.

Para a próxima semana, a missão ficou em pesquisar os sons do nosso espetáculo, utilizando para isso materiais recicláveis na confecção dos instrumentos. Uma referência de pesquisa sugerido por Carol Guimaris, que assina a direção da peça, foi o grupo performático ”Stomp”, que utiliza o corpo, a percussão e diversos materiais alternativos na construção de seus espetáculos. Mais um desafio a superar. Porque o fácil e básico não nos interessa. Queremos transcender!



Diário de Bordo “O Homem-Mega-Fone”

CTI – Cia Teatro da Investigação – Semana 4

(28 Fevereiro -01-02 Março/2019)

Quarta semana de trabalho, time completo. Agora sim vamos para a galáxia! Henrique Cardim, da cia Castelo das Artes, de São Sebastião, veio fechar o elenco e essa parceria não podia ser melhor. Identificação imediata. Bora trabalhar!

Nossos ensaios iniciam se pelos aquecimentos. Temos buscado sempre trabalhar com as técnicas de aquecimentos baseado nas pesquisas do grupo Lume de teatro, técnicas essas aprendidas através das oficinas ministradas anteriormente no grupo, por Carlos Simioni.

Trabalhamos as técnicas de ascender o corpo magnético, distribuir as forças e dosar as tensões. Em seguida temos experimentado jogos que estimulam a conexão entre os atuadores. Entendemos que não estamos sozinhos em nenhuma situação, inclusive no teatro. Aqui também requer uma disponibilidade de cada um para entender que o espetáculo é um jogo, e que para que ele funcione de forma satisfatória, requer que todos os envolvidos se dediquem de corpo e alma para o trabalho.

Trabalhamos a exploração do ambiente, tempos rítmicos, percepção, observação, atenção e intuição. O jogo com os bastões, por exemplo, estimula e muito a conexão entre os jogadores, pois, requer atenção, ritmo e intuição. Essa conexão é justamente um dos elementos básicos que estamos tentando construir dentro do espetáculo.

Passada a parte de aquecimento seguimos com a experimentação da cena 07 – O Desafio do Megafone. Henrique desenvolve trabalhos circenses e nos trouxe influências valiosas desse universo, enriquecendo muito nossa construção. Mais uma vez o olhar de fora veio somar e possibilitar o desenvolvimento de novas capacidades expressivas dentro do coletivo, tudo isso nos ajuda a sempre estar em movimento.


Durante os três dias de ensaio foram levantamos questões para direcionar melhor a evolução do trabalho. A primeira delas foi estabelecer uma relação mais concreta com esse objeto de poder, que é o Megafone, uma vez que essa relação ainda não está muito clara nas experimentações cênicas.

Seguimos pensando na prontidão e no corpo ativo, construir as cenas de transição, procurar optar por cenas mais dinâmicas, organizar melhor os núcleos e destruí-lo no espaço cênico. Construir e desenvolver uma malandragem do personagem menino e estabelecer uma conexão com a mãe. Observação cuidadosa de como é estar todos em cena, como isso será desenvolvido, qual a postura de cada um nesse espaço. Início dos experimentos dos sons que irão compor o espetáculo, já utilizando para isso, a pesquisa de instrumentos musicais construídos com materiais recicláveis. Pensar na vida desses personagens, em que se baseia a dignidade de cada um, a luta pela sobrevivência e em alguns casos, a eterna espera que o outro lute e defenda o seu pão de cada dia.

Dessa forma atravessamos e finalizamos a semana, experimentando as inúmeras possibilidades criativas e artísticas, levantando discussões e reflexões. É preciso muita prontidão, dedicação, disponibilidade e amor, mas não estamos sozinhos. Juntos somos mais fortes. Como já dizíamos, somos e continuaremos a ser uma revoada!



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