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Foto do escritorEdu Brisa

Brasil "Baronil"

O Homem-Mega-Fone texto teatral de autoria de Edu Brisa, concebido no Seminário de Dramaturgia do Arena, sob a tutela do Mestre Chico de Assis no ano 2009, ganha agora em 2019 sua primeira Montagem.

Contemplado no EDITAL PROAC Nº 01/2018 – PRODUÇÃO DE ESPETÁCULO INÉDITO E TEMPORADA DE TEATRO;

Estreia em Maio de 2019 na SEDE CTI - Rua Oti, 212 - Vila Ré - ZL de São Paulo.

Este blog é um canal para que possamos compartilhar nossa investigação na criação de O HOMEM-MEGA-FONE. É o nosso caderno de trabalho.




Diário de bordo por Gustavo Guimarães Gonçalves

(07, 08 e 09 de Fevereiro de 2019)

Primeira semana de ação concreta. Leituras e entendimentos do texto chamado "O homem-mega-fone".   Como vim parar aqui? 

Tudo começou quando estávamos em Presidente Prudente para realizarmos algumas apresentações no Sesc.  Eu estava acompanhando o processo criativo diário do grupo para o documentário: “teatro é sangue e precisa circular", uma das contrapartidas do edital de fomento ao teatro da cidade de São Paulo, cujo nome do projeto é o mesmo do documentário. 

"Fomos contemplados no proac" - Edu Brisa disse para todos os integrantes, dando um sorriso singelo e brilhante. "Finalmente, depois de dez anos o megafone vai sair do papel", disse Carol. 

Depois de abraço coletivo, brindes etílicos e um sofrimento de lascar vendo o Brasil jogar surgiu uma questão: "Você vai estar com a gente, né?" disse Brisa meu parceiro de quarto enquanto eu descarregava as fotos do dia anterior. Eu não podia estar fora. Vejo humanidade e força de vontade no fazer teatral desse grupo.

O convívio diário fez com que eu me aproximasse e colocasse a mão na massa ajudando em montagem de cenário, dando alguns pitacos, ocupando e quase estilizando um banco da van com o meu nome... Amo a RUA. A adrenalina do dar certo ou não, do ter público ou não, do sol ou do correr da chuva, os riscos! Mesmo que nesse primeiro momento megafone seja feito em um palco a ação teatral do grupo tem essa vivência, esse registro.


Semana 2

(14, 15 e 16 de fevereiro de 2019)

No campo: Cris Camilo, Edu Brisa, Geovane Fermac, Harry de Castro e Gustavo Guimarães Gonçalves, como capitã do jogo Carol Guimaris e ainda dois convidados estão  por vir na escala do time! Quem serão? Saberemos nos próximos capítulos.

Situação do campo no estado macro: Brasil pós golpe, Brasil pós fake News e Vitória do tinhoso nas urnas. Situação Macro da região local: São Paulo violenta e cara. Situação da microrregião: vila Ré da ZL, casa do CTI, casa de criação, investigação e contemplação participativa; falando em criação a técnica já apresentou dinâmicas para os jogadores. Foram improvisos, jogos, personagens definidos.

É muito bom ver Carol em outra situação criativa, não sendo as comuns de suas mil e uma utilidades. Ela quer que joguemos e ajudemos a construir! 

Para alguns é um absurdo fazer teatro. 

Para alguns é um absurdo fazer e refazer cenas.

Para alguns é uma loucura criar algo imaterial e impalpável.

Pra mim é incrível, doloroso, gostoso, cansativo, estimulador... É inconstante. Mexe com a loucura interna de cada um, faz brincarmos de sermos o que não somos e no ser ou não ser fazemos questão de ser. 

O teatro ainda tem força enquanto os indivíduos se acharem fortes.

 O teatro ainda tem força enquanto os indivíduos tiverem o desejo e a competência de se tornarem coletivos.




Semana 3

(21, 22, 23 de fevereiro de 2019)

Marquito chegou! Novos ares ocupam a galáxia construtiva chamada palco. No Pré momento de escolha de quem entraria no grupo existiu a dúvida: convidamos novos integrantes ou não? A resolução foi que sim. 

Falou-se em roda sobre a importância de outros olhares e da limpeza de vícios tanto no dia a dia quanto na cena. Acho isso importante. Mais que isso: termos a autonomia da autocrítica. Eu, quando comecei a frequentar o CTI já me sentia próximo e digo: é bom trabalhar e ter próximo quem a gente admira.

 Percebo também que temos algo em comum: Pensamos bastante e economizamos nas palavras. Fazemos.

Somos mais práticos. Marquito também. Em seu primeiro dia ele já foi pra cena com a gente, opinou, construiu, viajou junto. 

É bom viajar, é bom filosofar.

Percebo que podemos viajar e Carol com o fio condutor coloca a rapadura dos problemas na mesa, puxa a faca de serra e começa a cortar tal rapadura, tentando transformar aquele duro problema, cortando em pedaços finos.  

Estamos despedaçando a peça, cada pedaço cortado seu gosto doce é mais curtido, alguns pedaços são engolidos secos, alguns são mordidos e fazem doer os dentes (fugimos de fazer isso, mas fazemos querendo ou não).




Semana 4

28 de fevereiro / 1 e 2 de março de 2019

Ensaiamos no carnaval olê, olê, olá

Ensaiamos no carnaval olê, olÊ, olá

Final de semana agitado. Henrique chegou pra completar a escala do time! Limpei a sala e o quarto, comemos carne de bode, macarronada e nos despedimos dos três dias com um churrasquinho. Ufa. Bastante coisa. 

A construção da peça? Menino, deu uma alavancada ferrenha, me espanta a rapidez que as coisas estão indo. E quando você pensa que Carol está delirando, a prova de que o direcionamento é uma vontade real é que tudo pode ser visto nos desenhos de seu caderno.

Referência musical: Stomp. Cenário? com andares e objetos já propostos pelo elenco. Nossa atuação: estamos encontrando caminhos. Dizer isso é um alívio. Não adianta vir pra esse ringue chamado palco estando com armas e truques, o local revela todas as artimanhas.

Esse final de semana foi bom pra mim.  Ainda não descobri o que e como vou fazer essa figura do pai, mas descobri o que não é pra fazer.  (Essa reflexão é de uma pessoa de humanas mesmo) ficar feliz por saber o que não se pode fazer. Inenarrável a sensação disso. Dá agonia? dá.  Dá siricutico? dá.  Mas dá um tesão danado pra buscar outros caminhos. Eu sou ansioso e estou tentando jogar a ansiedade de lado e propor mais. Aprendi, nas escolas da vida cênica que é melhor errar apresentando elementos a mais do que a menos. Fiz isso, foi bom, não foi ruim não.   

 Agora estou aqui, encafifado com a escolha de que caminho propor esse pai. As vezes sinto saudades do meu pai, acho ele o completo oposto do personagem, por isso a saudade. 

É duro saber que existem pais que são assim como o do texto: exploradores. Como humanizar e deixar dúbia um tipo assim?

Vou falar a real: estou de saco cheio do dialético.  Da busca do não Maniqueísmo.  Temos o discurso nazista ganhando cada vez mais força, e esses caras são bons? Um Trump da vida tem algo de positivo? Os caras da Vale, assassinos conscientes, são pessoas boas? Acho que só com a família deles.

Existem famílias e famílias. Essa que representaremos é uma representação da família de classe baixa desse Brasil “Baronil”.


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